VOCÊ JÁ OUVIU FALAR EM NFT?
NFT. Nos últimos meses, você com certeza viu várias notícias e pessoas falando sobre essas 3 letrinhas. Talvez você não saiba muito bem o que elas querem dizer, e quando alguém fala que NFT é non-fungible token — ou token não-fungível —, digamos que a explicação não é tão esclarecedora assim.
Então, o que são NFTs?
Antes de mais nada, é preciso entender o que quer dizer “não-fungível”. Basicamente, é algo único, que não pode ser substituído por outra coisa. Um bom exemplo são obras de arte — quantos quadros do Picasso valem uma Mona Lisa? Não existe essa relação.
- Por outro lado, o dinheiro, por exemplo, é um bem fungível. É possível trocar uma nota de 100 reais por duas de 50 que não muda nada.
Já a palavra “token”, em inglês, significa ficha ou símbolo. Mas, quando estamos estamos no universo dos NFTs, trata-se da representação digital de um ativo. Assim, ao adquirir um NFT, a pessoa está comprando um código de computador que contém o registro do objeto — que comprova que ela é a proprietária do NFT.
Com isso em mente, os tokens não-fungíveis nada mais são do que certificados digitais de autenticidade. Essa comprovação do proprietário de um NFT se dá através de dados armazenados em uma blockchain.
Complicou de novo?
Pense na blockchain como um livro que qualquer um pode ter acesso, em que está escrito quem é o dono de cada ativo — no caso, o NFT —, quem o vendeu e por quando foi vendido.
Essas informações são criptografadas, ou seja, são escritas de uma forma que humanos não conseguem ler nem entender, o que garante a autenticidade e escassez dos NFTs.
- Isso permite resolver um grande problema dos criadores digitais na internet: tornar as criações escassas — uma vez que são únicas — e, portanto, mais valiosas.
A maioria dos NFTs faz parte do blockchain Ethereum — o segundo maior do mundo. Ethereum é uma criptomoeda, assim como o Bitcoin, mas sua blockchain (ou seu “livro”) também suporta os NFTs — que, ao contrário das criptomoedas, não são fungíveis.
Curiosidade
Um NFT não precisa ser uma imagem. Pode ser um áudio, vídeo, meme ou qualquer outra coisa digital — como o primeiro tweet de Jack Dorsey, fundador do Twitter, que foi vendido pelo empresário por US$ 3 milhões como um NFT.
Por que as pessoas compram NFTs?
É uma boa pergunta. Afinal, por que pagar por algo digital sendo que qualquer um pode ter acesso? Voltando ao exemplo da Mona Lisa, o quadro original pintado por Da Vinci vale muito mais do que uma réplica, pois o valor é diferente.
Da mesma forma, é justamente o desejo de possuir a propriedade do arquivo digital — em vez de uma cópia que pode ser obtida ao baixar a arte original — que faz as pessoas comprarem NFTs. Além disso, existem outros motivos. Esses são alguns dos principais:
1) Fazer parte de uma comunidade
Assim como pessoas que têm Ferraris podem realizar encontros com outros proprietários de carros da marca italiana, donos de NFTs de determinadas coleções podem fazer o mesmo.
- O Bored Ape Yacht Club (BAYC), uma das coleções mais famosas que existe, oferece diversos benefícios para os proprietários de seus NFTs, já tendo feito encontros na Califórnia, Hong Kong, Reino Unido e até mesmo uma festa em um iate em Nova York.
2) Utilidade para os membros
Muitos projetos de NFTs oferecem algumas utilidades. Recentemente, abriu um restaurante de frutos do mar em NY onde apenas proprietários de NFTs de uma coleção específica podem entrar.
Do mesmo modo, existem outras iniciativas voltadas a gerar exclusividades aos membros, como jogos online que funcionam de forma parecida.
3) Envolvimento de influenciadores ou celebridades
Quando uma pessoa famosa compra um NFT, isso gera desejo em outras pessoas de comprarem também para fazerem parte do grupo. Até porque, quanto vale ter a oportunidade de estar no mesmo evento que seus maiores ídolos?
- Voltando à coleção dos Bored Apes, quando lançada, em abril do ano passado, os 10 mil macacos da coleção custavam 0,08 ETH cada — cerca de 190 dólares, na época.
Por que tão caro? Será que vale a pena?
Novamente, o desejo de pertencer à comunidade é o destaque. Além disso, o preço só é tão alto porque existem pessoas dispostas a pagar. Se, por um acaso, todo mundo achasse que está muito caro e ninguém mais quisesse comprar, o preço poderia abaixar muito — o mesmo vale para as criptomoedas.
Assim como nas obras de arte do mundo real, o valor está nos olhos de quem vê.
Como ganhar dinheiro com isso?
Existem diversas possibilidades. Você pode simplesmente comprar (ou ganhar) um NFT, sabendo que seu valor pode explodir ou cair pra zero. Outra possibilidade é “mintar” — expressão usada para criar um NFT — e fazer sua própria coleção, criando uma comunidade em torno dela e atraindo diversos compradores.
- Um ponto positivo para os criadores de NFTs é que é possível ganhar um percentual das vendas futuras deles, ou seja, mesmo que a primeira venda seja barata, caso a coleção se valorize, quem a criou receberá uma espécie de royalties por cada venda — de 10%, por exemplo.
A maior plataforma de negociação de NFTs do mundo é a OpenSea. A empresa, fundada há 4 anos, foi avaliada em quase US$ 15 bilhões, após receber sua última captação. Há 6 meses, a empresa valia “apenas” US$ 1,5 bilhão.
- Com a última rodada, os cofundadores da companhia tornaram-se os primeiros bilionários do mercado de NFTs, com um patrimônio estimado de US$ 2,2 bilhões cada um.
Aqui vai um tutorial de como criar, comprar e vender NFTs através da OpenSea.
Coleções que você precisa conhecer
Aqui vão algumas das coleções — ou artes — de NFTs mais famosas (e caras) que valem a pena conhecer:
1) Pak’s ‘The Merge’ — US$ 91,8 milhões
No final do ano passado, quase 30 mil colecionadores, juntos, pagaram mais de US$ 90 milhões para comprar esse projeto feito pelo artista anônimo Pak, que consiste em uma série de NFTs — o mais caro já vendido até então. Com isso, Pak tornou-se o artista vivo com a obra mais valiosa da história.
2) Everydays: the First 5000 Days — US$ 69,3 milhões
A obra foi criada por Mike Winkelmann, conhecido profissionalmente como Beeple, e consiste em uma colagem de 5.000 imagens digitais criadas pelo artista durante 5 mil dias seguidos, entre 2007 e 2021. A obra, vendida por quase US$ 70 milhões, é a segunda mais cara da história.
3) CryptoPunks — US$ 30 milhões (os 4 somados)
Os CryptoPunks estão entre os primeiros NFTs na blockchain Ethereum da história. Originalmente composta por 10 mil caracteres únicos, foram rapidamente vendidos, e a coleção já movimentou quase US$ 2 bilhões. Os 4 da imagem foram alguns dos mais caros, tendo em vista suas características que os fazem raros em meio aos demais itens da coleção.
Os problemas e o futuro dos NFTs
Não dá pra saber se estamos diante de uma bolha — pode ser que sim, pode ser que não. Além disso, existem outros problemas, como os impactos ambientais causados, tendo em vista que muita energia é necessária para a mineração de Ethereum — e para o ecossistema cripto como um todo.
- Fato é que estamos falando de um mercado que já ultrapassou os US$ 40 bilhões. Para efeito de comparação, o mercado de artes — que existe há milhares de anos — é de US$ 50 bilhões. Caso os problemas sejam resolvidos, o setor pode ser muito promissor.
Futuramente, os NFTs poderão ser um bom meio para bons negócios. Pense em marcas de luxo, como exemplo, que poderão vender seus produtos juntamente a NFTs, que serão certificados de originalidade. Na verdade, isso já está acontecendo. Espere ver diversas outras iniciativas relacionadas a NFTs nos próximos anos. The future is happening.
Fonte: https://thenewscc.com.br/